O Lordello & Gobbi Escritório de Arte inaugurou no dia 28 de setembro a mostra individual do artista Jacques Douchez, intitulada ‘Jacques Douchez Geometrismo Lírico’. Esta nova exposição individual de Douchez marca, em definitivo, seu retorno à pintura.
Resultado de constante estudo, sua obra recente leva a limites máximos suas convicções, vislumbrando um continuísmo inusitado e riquíssimo de possibilidades e interpretações.
Reunidos no especial momento em que, aos 90 anos, Jacques Douchez continua produzindo, os trabalhos ora mostrados são novo testemunho da extrema coerência de sua obra, no interior da qual cada sutil mudança de rota foi amadurecida sem qualquer pressa, processo hoje inimitável no meio artístico, pela própria dinâmica da vida contemporânea.
A exposição está organizada em módulos, organizados intrinsecamente: a consolidação do período do Atelier Abstração; a geometria linear e retilínea; a geometria curvilínea, marca instigante de sua carreira, e o uso experimental da geometrização mais livre do que nos períodos anteriores, que flerta contidamente com o Tachismo.
Distante do excessivo rigor de outras vertentes geométricas, Jacques Douchez mostra vitalidade surpreendente e abre caminho para uma renovação da Pintura, absolutamente benvinda e necessária à arte atual.
Migração européia e o aporte de novas idéias
Jacques Douchez, que em sua juventude ensinou Língua e Literatura Francesa em Paris, adotou o Brasil em 1947. Nos anos de sua educação formal, em sua Borgonha natal de patrimônio histórico incalculável, respirara os ares do Atelier de sua mãe, artesã de chapéus e broches que criava modelos em materiais como o feltro. Na cidade de Mâcon, onde nasceu, e na vizinha Cluny, Douchez também familiarizou-se com arquiteturas de quase dez séculos de idade que acabariam se tornando uma das matrizes de seu universo plástico, como se verá mais adiante.
Suas primeiras incursões no desenho datam de 1942. Em São Paulo, teve aulas com o pintor napolitano Caetanno de Genaro (1890-1959) e mais tarde aproximou-se do artista de origem romena Samson Flexor (1907-1971), aqui chegado em 1948, e com ele participou, em 1951, da fundação do Atelier Abstração. Ao longo de nove anos de existência, pelo menos 24 pintores passaram por esse núcleo de trabalho.
Já o Atelier Abstração frequentado por Douchez encontrou referências sobretudo na Segunda Escola de Paris, que Flexor conhecera de perto. Grande admiração era votada também aos desenvolvimentos plásticos e teóricos do visionário artista, designer, arquiteto e professor da Escola Bauhaus Theo van Doesburg (1883-1931), um dos fundadores da revista De Stijl e do movimento abstracionista de mesmo nome. Parte dos ensinamentos do mestre Flexor embebia-se da mística pitagórica da chamada “proporção áurea” (ou “segmento áureo”), identificável em muitas de suas composições.
Contudo, as serenas abstrações geométricas desse artista nos anos 1950 caminharam surpreendentemente para o informal a partir de 63, e de 67 até sua morte, em 1971, para uma pesquisa de luz e recortes no interior de inesperadas, monumentais e monstruosas figuras.
Exposição: Jacques Douchez Geometrismo Lírico
Curadoria: Antonio Carlos Abdalla
Abertura: quarta-feira, dia 28 de setembro de 2011, às 19h30
Local: Lordello & Gobbi Escritório de Arte
Período expositivo: de 29 de setembro a 28 de novembro
Endereço: Rua Peixoto Gomide, 2020, Jardim Paulista, São Paulo – SP
Horários: de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.
Telefones: (11) 3088 1632 e 3081 6439
Entrada gratuita
Via Adelante Comunicação Cultural