“Vulnerable Apart” de Anne Mondro
Em visita ao Brasil, a artista plástica norte-americana Anne Mondro exibiu seu trabalho através de palestra na Escola de Artes, Ciências e Humanidades – USP.
Natural de Detroit, Anne sempre teve paixão pelas artes. Seus pais tinham planos de que a filha se tornasse desenhista industrial ou designer na área automobilística. No entanto, Anne demonstrou interesse pelo design de acessórios. Hoje, Mondro leciona na Universidade de Michigan e já mostrou suas compsições em diversas exposições pelo mundo.
De maneira Geral, Anne se utiliza de um jogo de contrastes para compor suas obras. Macio e áspero, natural e artificial, vida e morte. Esses elementos ora se combatem, ora se completam e são dispostos em suas composições de modo a despertar sentimentos e memórias bastante íntimos.
As composições “Breathe”, “Adapt” e “Adapt III” de Anne Mondro
Os contrastes não ficam restritos ao campo da temática, sendo explorados também no que tange às texturas. Em “Adapt” e “Breathe”, a maciez e a quentura do feltro e da cera unem-se à frialdade e à aspereza da malha de arame crochetada a mão.
Anne explora aspectos autobiográficos e suas peças e instalações. Já é lugar-comum dizer que sempre há um pouco do artista na obra, mas o caso de Anne é diferente. Ela eleva esse fator á uma potência maior, aumentando a carga dramática de suas criações. A artista, em algumas de suas peças, aborda doenças e males de familiares bastante próximos. Sem pieguice, Mondro transmite a obscuridade o pesar de ver um ente querido convalescendo, mas o que rescende na boca do espectador é o sentimento de que as dificuldades foram supressas e que todos saíram da situação fortalecidos.
“Vulnerable Together” e “Vulnerable Need” de Anne Mondro – Fotos de American Contemporary Gallery
Em seu mais recente trabalho, a série “Vulnerable Touch”, Anne Mondro constrói desconstruindo. Ao produzir figuras humanas em tamanho natural, a artista fez uso da técnica do crochet com fios de arame, retirando dos corpos sua cor, fisionomia, braços e pernas. Anne propõe que o movimento seja explorado através do deslocamento da coluna e pescoço das esculturas. Outra proposta da artista é compor peças em três dimensões, mas registrá-las em foto e vídeo, para que sejam exibidas em apenas duas dimensões. O resultado, por vezes alude a radiografias, retornando à temática dualista da doença e da cura.
Anne Mondro – Foto de American Contemporary Gallery
Augusto Paz by Fashion Bubbles