Democracia decorativa

Todo ano o mercado de designer de interiores despeja 4 mil novos profissionais dispostos a entrar e trocar, no mínimo, a cor das paredes das…

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Todo ano o mercado de designer de interiores despeja 4 mil novos profissionais dispostos a entrar e trocar, no mínimo, a cor das paredes das casas país afora. São jovens que, muitas vezes, optam pela profissão por causa do glamour e da ilusão de conta corrente polpuda. Deparam-se com o seguinte índice: 40% dos 45 mil profissionais em exercício (designers de interiores e arquitetos) ganham de R$ 700 a R$ 3 mil.

Dar ferramentas para o recém-formado exercer bem a função é uma das metas da gestão de Roberto Negrete, empossado há um mês no cargo de presidente da ABD, Associação Brasileira de Designer de Interiores, entidade com apenas 4 mil inscritos. Outra intenção de Negrete é tirar o salto dos profissionais e incentivar a atuação perante as classes B e C. “Fazer apenas uma reunião com um pacote integral de sugestões é um caminho. O cliente acata ou não as idéias.” Para Negrete, o designer de interiores tem compromisso com a qualidade de vida e precisa orientar investimentos coerentes nas residências.

Em 2001, o Ministério do Trabalho, com o apoio da entidade, instituiu o nome designer de interiores. Até então usava-se decoradores. Para ser sócio da ABD, até 2000 era necessário apenas comprovar o exercício, hoje se exige o diploma.

Decorativa I

Roberto Negrete nasceu em Buenos Aires e se mudou para o Brasil em 1982. Fixou raízes e ainda se engajou na luta pela valorização da classe até tornar-se presidente da ABD. Um engajamento bem verde-amarelo. Ele já determinou que não haverá estrangeiros na próxima edição do Conad, o congresso que a entidade promove em setembro. “Temos tantas pessoas interessantes aqui. Sou mais nacionalista que alguns brasileiros.” Ele sonha em presidir a mesa do congresso ao lado de Ariano Suassuna.

Decorativa II

Alguns arquitetos torcem o nariz para os designers de interiores. Segundo Negrete, isso acontece por puro preconceito e falta de informação. Para ele, quem pensa assim ainda vive na época em que a madame acordava, decidia que queria ser decoradora, ligava para algumas amigas e pegava as amostras de tecidos. “Estamos mudando esse cenário. As profissões têm de se complementar. A diretoria da ABD é composta por sete pessoas, sendo que quatro são arquitetos.”

Fonte: Valor Econômico, 15 de fevereiro de 2007

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