Morre Sérgio Mamberti, aos 82 anos: “O eterno Dr. Victor do Castelo Rá-Tim-Bum”

“Raios e trovões!” Toda criança dos anos 90, certamente, ouviu esse grito do poderoso Tio Victor. Isso porque, até hoje o personagem permeia o passado afetivo de muitas pessoas. O cientista proprietário do Castelo Rá-Tim-Bum foi interpretado por Sérgio Mamberti. O ator responsável por inúmeros trabalhos na tv, teatro e cinema, faleceu na madrugada dessa sexta-feira, 03.

De acordo com as informações do site Notícias da TV, Sérgio Mamberti estava internado desde o dia 25 de agosto no hospital, Prevent Sênior – SP. O ator teve que ser hospitalizado para tratar uma infecção nos pulmões. Além disso, Sérgio Mamberti também sofria de uma deficiência cardíaca, que dificultava o bombeamento do sangue.

A morte do intérprete do Dr. Victor foi confirmada pelo filho do ator, Claudio Mamberti. Vem saber mais sobre a incrível história desse artista que ficará para sempre em nossa memória.

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Currículo riquíssimo

Sérgio Mamberti é um dos artistas mais completos do Brasil. Além de atuar na TV, cinema e teatro, Sérgio também dirigiu diversas peças. Natural de Santos, litoral de São Paulo, o amor de Mamberti pelo teatro nasceu na adolescência, ao lados de amigos, em uma peça apresentada de forma despretensiosa.

Na sequência, o ator decidiu que aquela seria sua profissão. Dessa forma, Sérgio Mamberti estudou no curso de Artes Cênicas da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo. Sua primeira peça profissional foi em Antígone América, em 1963.

Outros trabalhos no teatro contribuíram para a carreira brilhante de Sérgio Mamberti nos palcos. Entre eles: O Balcão, em uma releitura feita em 1968 que remetia aos desmandos da Ditadura Militar (1964-1985). Além disso, Sérgio foi premiado na montagem do espetáculo Réveillon. Essa peça rendeu à Sérgio, o Prêmio Molière de melhor ator em 1975. O artista também esteve nos espetáculos, Hamlet (1984) e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (2001).

Em 2019, Sérgio dirigiu Rodrigo Lombardi na peça, “Um panorama visto da ponte”. Também em 2019, Sérgio Mamberti teve sua última atuação nos palcos, na peça O Ovo de Ouro.

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TV e Cinema

Já no cinema, Sérgio estreou em 1966 no longa, “Nudista à força”, de Victor Lima. Na sequência vieram outros grandes trabalhos como “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), “Toda Nudez Será Castigada” (1973), “O Homem do Pau Brasil” (1980), “A Hora da Estrela” (1985), “A Dama do Cine Shangai” (1987).

No cinema infantil, Sergio também brilhou nos longas: “Xuxa Abracadabra” (2003) e “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili” (2006). Além de Castelo Rá-Tim-Bum- O filme, em 1999, dirigido por Cao Hamburger.

Aliás, a série Castelo Rá-Tim-Bum é uma obra de arte à parte da TV brasileira. A produção da TV Cultura é reconhecida e premiada internacionalmente. Com efeito do sucesso da série originaram livros, filmes e musicais. Foram 90 episódios gravados entre 1994 e 1997. Sérgio Mamberti esteve em todos os episódios como Doutor Victor.

Digo que é minha obra-prima porque une educação, cultura e comunicação – disse Sérgio Mamberti em uma entrevista recente.

Além da série infantil, Sérgio também atuou em diversas novelas na Record TV, Manchete, SBT e Globo. Entre seus sucesso estão os trabalhos em “Pantanal”, “Essa Mulheres”, “O Clone”, “Vale Tudo” e “Sol Nascente”, que inclusive foi reprisada pela Globo durante a pandemia. O ator também esteve na série da Netflix, “3%”.

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Vida pessoal

Sérgio Mamberti foi casado com Vivien Mahr entre 1964 à 1980, quando ela faleceu. Com sua esposa, Sérgio teve 3 filhos: Duda, Carlos e Fabrício Mamberti . Contudo, após esse casamento, o ator também se relacionou com Ednaldo Torquato, por 37 anos. Juntos, o casal adotou Daniele, sua única filha. Ednaldo faleceu em 2019.

Por fim, em abril dessa ano, Sérgio Mamberti lançou sua autobiografia, onde fala abertamente sobre sua bissexualidade: “Sei que nunca vou me recuperar dessas duas perdas, mas a vida exige coragem e esperança para seguir em frente”– desabafou Mamberti à Folha, sobre ter sido viúvo por duas vezes.

Não adianta esconder porque a qualquer hora isso pode vir à tona. Talvez a gente tenha tido, em alguns momentos, que enfrentar determinados problemas, mas muito menores do que se eu tivesse tentado esconder – disse Sérgio sobre sua relação com Torquato.