História do Botão: a evolução do aviamento que já foi até joia
Apesar de pequeno, o botão tem muita importância na história da moda. Conheça melhor a história do botão e a sua evolução ao longo do tempo
A história da moda não é feita apenas de tecidos, mas também dos muitos aviamentos que os complementam. Ainda que no design moderno, o botão possa parecer um aviamento banal e descartável, a história do botão nos mostra que ele surgiu como artigo de distinção e luxo.
A seguir, conheça a história dessa peça no mundo e veja como o botão de roupa refletiu a evolução da moda ao longo dos séculos.
Qual é a História do Botão?
O que é um botão?
Antes de mais nada, o botão é um pequeno mecanismo que serve para fechar uma roupa ou mesmo outro objeto. Entretanto, apesar do botão ter um fim prático, ele a princípio surgiu exclusivamente como ornamento de acessórios e roupas. Nesse sentido, ao longo da história da moda ele foi acima de tudo um importante símbolo de status e identidade social.
Hoje em dia, ele é mais comumente feito de plástico ou metal. Contudo, ao longo dos séculos ele pôde ser encontrado em muitos outros materiais, como madeira, porcelana, conchas ou mesmo pedras e metais preciosos.
Em outras palavras, mesmo que esse seja um pequeno objeto de aparente pouco significado, na arqueologia o botão pode ser um grande achado. Afinal, essa peça foi um importante exemplo da arte popular e do artesanato tradicional de um lugar e época, podendo inclusive ser uma verdadeira obra de arte em miniatura e até uma joia.
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Quando surgiram os primeiros botões?
Botões e objetos decorativos similares foram descobertos no Vale do Indo durante a época Kot Diji (c. 2800-2600 AC). Além desse exemplar, outros exemplos de botão antigo foram encontrados no Túmulo das Águias, na Escócia (2200-1800 AC), bem como na Idade do Bronze na China (c. 2000-1500 AC) e na Grécia e Roma Antiga.
Como defendeu o estudioso Ian McNeil (1990), a princípio os botões eram usados mais como decoração do que como mecanismo de fecho. O mais antigo de todos é um feito de concha, encontrado no Vale do Indo, com por volta de 5000 anos.
Entre outros exemplos de botões milenares estão peças de metal encontradas no Egito e outras feito em couro no Império Romano.
Seja como for, os primeiros exemplares que se tem registro não eram propriamente usados em roupas, mas sim em outros acessórios, como ornamentos de cabeça e mochilas.
- McNeil, Ian (1990). An encyclopaedia of the history of technology. Taylor & Francis.
A história do botão na Idade Média
Até a Baixa Idade Média (século XI ao XV), as peças de vestuário na Europa eram presas com broches, fivelas, ou amarradas com pontos e laços. Essa realidade mudou de forma gradual a partir do século XIII, quando foram inventados os primeiros tipos de botão de roupa.
A história do botão mais funcional do que decorativo surge pela primeira vez na Alemanha desse período. Desde então, a peça se espalhou pela Europa junto com modelos de roupa mais confortáveis e práticos.
Contudo, há que se considerar que esses eram artigos refinados e de certa exclusividade.
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Um artigo para poucos
Nesse sentido, como em alguns lugares os botões se tornaram mais populares chegaram a ser criadas leis para limitar o seu uso. Afinal, a chamada lei suntuária então existia para controlar o consumo, tendo como principal finalidade dificultar o acesso a certos artigos. Antes de mais nada, esse tipo de controle social tinha como objetivo manter a hierarquia vigente, e a moda era um dos seus principais meios.
Seja como for, esse tipo de medida não foi uma realidade apenas na Europa, tendo sido também usada em outros lugares do mundo, como na China e no Japão.
Assim, na Europa, a lei suntuária servia para manter os privilégios de uma nobreza que então perdia força diante da ascensão da burguesia comercial. Entretanto, a mudança da sociedade, ainda que difícil e lenta, não podia mais ser barrada.
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Uma verdadeira joia
Dessa maneira, a partir do século XIV os botões passaram a ser cada vez mais comuns como decoração de roupas de luxo. Por exemplo, eles eram costurados desde os cotovelos até os pulsos de jaquetas masculinas e desde a linha do pescoço até a cintura dos vestidos das mulheres.
Além disso, os botões eram então mais usados nas roupas masculinas do que nas femininas. É provável que essa preferência se deveu ao fato de que as roupas femininas, desde o final da Idade Média até o século XX, deveriam ser mais apertadas e ajustadas ao corpo. Nesse sentido, os laços e ganchos ainda se mostravam mais efetivos por permitirem uma melhor fixação e uma aparência com menos imperfeições.
Nessa época, os botões mais especiais eram feitos de ouro, prata ou mesmo marfim. Eram, assim, um verdadeiro indício da riqueza e do status social do indivíduo que o levava. Afinal, esses eram materiais de difícil acesso e muito caros. Além disso, havia outras versões de metal que levavam incrustações de marfim, casco de tartaruga ou mesmo pedras preciosas.
Todavia, à época, as peças mais comuns eram as feitas a partir de osso ou madeira – dois materiais muito resistentes, mas muito mais baratos. A base desses botões também servia para criar modelos revestidos por tecido, técnica que também podia ser feita a partir de um anel de metal.
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Quem inventou o botão de roupa?
Como podemos ver na história de outros artigos da moda, como a do algodão, o botão não foi uma invenção de um único povo ou indivíduo. Afinal, traços de peças parecidas foram encontradas em regiões sem qualquer tipo de contato direto entre si.
Além disso, a sua evolução para o formato e uso atual levou muito tempo. Foi, antes de mais nada, fruto do contato entre distintas comunidades e do desenvolvimento de um novo estilo de vida e técnica.
Como referido antes, a história do botão começa como esse sendo um detalhe especial exclusivo da nobreza. Não por menos, os registros e exemplares antigos quase sempre estão ligados a indivíduos com certa posição social, como, por exemplo, Filipe “O Bom”, Duque de Borgonha (1396-1497).
Seja como for, uma das primeiras peças de roupa a mostrar o uso de botões como fechos foi o pourpoint de Charles of Blois, Duque da Bretanha (c. 1319-1364). No modelo, o botão de roupa aparece em série alinhado no corpo e nas mangas do vestuário masculino.
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Do que era feito o botão?
Durante o período medieval e moderno, o botão mais popular era redondo, feito de madeira, metal ou recoberto de tecido. Logo o botão de melhor qualidade podia ser inteira ou parcialmente feito de marfim ou outras matérias preciosas.
Claro, a moda variava muito a depender da região do mundo. Se na Europa, por exemplo, era comum o uso do couro, no Japão a madrepérola era um dos materiais mais apreciados.
Em outras palavras, como objeto de decoração artística e identitária, ao longo da história o botão foi um reflexo do seu tempo e região de origem.
Assim, a moda dos botões inovou ao empregar diversas técnicas tradicionais de joalheria, de cerâmica, gravura, metalurgia, ourivesaria, entre muitas outras. São, desse modo, um verdadeiro documento histórico.
Técnicas de decoração na História do Botão
Em seguida, veja com mais detalhes alguns dos materiais e técnicas tradicionais usados no mundo:
Porcelana Satsuma ou Arita
Esses são tipos de porcelana típicos do Japão, desde há séculos muito valiosos e altamente procurados no mercado europeu. Com uma decoração muito delicada e colorida, o resultado dessa arte na confecção do botão de roupa resulta em um artigo de extremo requinte.
Metal
Os metais foram e seguem sendo muito comuns na fabricação de botões. Seja com matérias mais ou menos nobres, os modelos mais antigos podiam ser feitos tanto em metal liso e homogêneo como esculpido.
Pedras preciosas
Enquanto joias, alguns dos exemplares do período moderno mais valiosos foram feitos com incrustação de pedras preciosas. Como resultado, entre diamantes, rubis e outras gemas, essas peças são de um luxo ímpar.
Fabergé
O estilo icônico de Peter Carl Fabergé é mais reconhecido pelas suas impressionantes joias em forma de ovo. Entretanto, dada a importância da peça, o joalheiro também chegou a criar botões incríveis.
Camafeu
Outro estilo de botão de roupa muito procurado no período moderno foi o camafeu. Com uma base de metal ou marfim, a peça era então adornada com figuras humanas, animais e florais a partir de uma fina porcelana.
Tecido
O botão de roupa revestido em seda foi um dos mais populares ao longo dos séculos – e não apenas na Europa! Tendo um resultado mais discreto, o modelo acabava por ser menos caro, mas não menos elegante.
O avanço da tecnologia na História do Botão
Considerando o material e a exclusividade dessas peças, o botão de roupa foi a princípio confeccionado de maneira individual por artesãos e outros artistas. Contudo, com o passar do tempo, o avanço da tecnologia e o surgimento de materiais mais baratos, a forma de produção e o estilo dessas peças mudou por completo.
Ainda assim, demorou muito para que o plástico se tornasse a principal matéria dessas peças. Os primeiros botões feitos de celuloide, um dos primeiros tipos de plástico empregados na indústria, datam da década de 1860.
Como resultado, os botões antigos, esses feitos tal como joias, são hoje em dia artigos de colecionados ou de acervo de museus e galerias de arte.
O consumo de massa
Antes de mais nada, foi a revolução industrial iniciada na Inglaterra na primeira metade do século XIX que impulsionou uma profunda mudança na forma de produzir e consumir artigos de moda.
Por exemplo, com o aumento do preço do marfim no século XIX, começaram a surgir botões feitos com “marfim vegetal”. O material que dava essa alternativa era uma noz de um tipo específico de palmeira da América do Sul: o corozo. Esse produto ainda segue sendo usado até hoje.
Todavia, no mundo atual, o botão de roupa mais comum é feito de plástico duro ou metal. Ou seja, peças feitas com materiais mais finos ou com técnicas mais refinadas são deixadas para roupas de alta gama e alta-costura.
Curiosidades na História do Botão
Apesar de grande parte dos especialistas afirmarem que o botão de roupa surgiu como um item apenas decorativo, há quem defenda que ele acabou por se disseminar por outras razões.
Por exemplo, alguns dizem que foi o rei Frederico “O Grande”, da Prússia (1712-1786), que ajudou a difundir o seu uso no século XVIII. O porquê? O monarca teria tomado a decisão de incluir uma fileira dessas peças nas mangas dos casacos dos seus soldados para que, assim, eles não a usassem para limpar o nariz.
Além disso, sendo um item discreto, desde pelo menos o século XVII que começaram a surgir peças de botão feitas em metal que se abriam como uma pequena caixa. Desse modo, esses botões serviam como pequenos esconderijos para os contrabandistas de droga poderem transportar substâncias ilegais.
Essa mesma função também foi explorado nos botões de metal durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Entretanto, nesse caso o objetivo não era esconder nenhuma droga mas sim mini bússolas.
Homens X Mulheres na História do Botão
Já se deu conta de que as camisas masculinas e femininas têm os botões em lados opostos? Enquanto as camisas dos homens levam o botão à direita e as casas à esquerda, as das mulheres seguem o sentido contrário. Contudo, como acontece com muitas outras preferências da moda, não se sabe bem o porquê.
Dizem, por exemplo, que isso pode ter começado na forma como as armaduras eram fechadas no período medieval. Por outro lado, também há quem diga que o costume de diferenciar o padrão entre homens e mulheres surgiu na época de Napoleão Bonaparte. Afinal, o líder francês era então representado com a mão direita dentro da camisa, e interessava diferenciar a imagem das mulheres do seu ideal de masculinidade.
Entretanto, entre muitas outras explicações, a mais fiável é a de que a ordem diferenciada se devia ao fato de que as mulheres da alta sociedade eram então vestidas por serviçais. Ou seja, o alinhamento dos botões à esquerda e das cavas à direita fazia com que o fechamento da roupa fosse muito mais fácil para quem a estivesse a vestir.
Nesse sentido, como o próprio botão, esse seria mais um exemplo da distinção social simbolizada pela moda. Seja como for, o padrão continua sendo usado, ainda que por pura praticidade.
Tipos de Botão
Sendo concebidos para fechar uma roupa ou apenas como adereço decorativo, os botões são peças de material mais duro que precisam ser fixadas em um tecido. A forma de fixação depende do tipo de botão.
Um dos modelos mais comuns não possui furos além de uma haste usada para costurá-lo na roupa. Já os botões planos possuem diferentes furos (em geral 4) que servem para que ele seja costurado bem rente ao tecido.
Além disso, são comuns os modelos de botão de pino e o botão de pressão. Entre as peças de roupa que mais os empregam estão camisas, jaquetas, calças e mochilas.
Século XX
Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a maior parte da fabricação de botão de roupa no mundo era feita na Europa. Enquanto na França se concentrava a elaboração de botões mais artesanais e de luxo, na Inglaterra se encontrava a maior produção em termos de volume. Afinal, a produção em massa começava a ser uma realidade imparável.
Posteriormente, os Estados Unidos se tornaram o principal centro de fabricação de botões em meados do século XX. Na atualidade, é a China que possui essa posição. Na cidade de Qiaotou são produzidos mais de 60% da produção mundial de botões no mundo! Não por menos, a cidade é chamada “Button Town” (Cidade do Botão).
Por fim, além de se terem tornado mais funcionais do que decorativos, o botão de roupa também passou a ser cada vez mais substituído pelo zíper. Tanto em calças como em jaquetas, o uso das duas peças em conjunto se tornou um dos mais comuns da indústria fashion.
Por fim, a atual produção em massa serve um dos mercados mais dinâmicos e rentáveis do mundo. Como tal, quantidade e preço acabam por suplantar qualquer outro tipo de preocupação. Apesar dessa realidade, que afeta muitos setores, têm surgido cada vez mais alternativas sustentáveis e que buscam resgatar um pouco do seu interesse original.
- Dica de pauta: Queila Ferraz
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