Sim, Sou Plus Size e Sou Consultora de Imagem
Marta Barbosa, consultora de imagem fala sobre padrões, pré-conceito, vitimismo e aceitação no universo Plus Size.
Sou Plus Size – Eu me chamo Marta, sou consultora de imagem feminina e sou gorda. Sim, sou gorda… Normal, aliás mais da metade da população brasileira (55,7%) ou tem sobrepeso, ou é obesa.
Portanto, o fato de eu ser gorda e falar a respeito disto, não me põe a conversar sobre um “nicho”, mas sim sobre a “invisibilidade” provocada, principalmente, pela indústria da moda e pelo patriarcado (dominação masculina), que entende como “padrão” os manequins do 36 ao 42 e, portanto, a estrutura magra como sinônimo da beleza.
Padrão
Daí, eu pergunto… “padrão”, para quem ou por quê? Padrões são estereótipos e desde quando pessoas têm protótipos? O estereótipo de pessoas, se é que existe, não estaria nas mãos do Criador?
Por conseguinte, que se submeta quem assim o deseja aos padrões atuais de beleza socialmente impostos, mas que todos sejam igualmente considerados (vistos) e respeitados, como pessoas em sua plenitude, com necessidades, vontades e, dentre outros, gostos próprios.
Veja a evolução da história da Moda Plus Size e a evolução dos padrões de beleza.
Pré-conceito e Vitimismo
Bom, já que todo esse preconceito infelizmente existe e pode ser bem cruel; pois mata a
possibilidade de diversidade e segrega. Eu, como consultora de imagem feminina, encorajo pessoas em geral, gordas como eu, ou não, a deixarem de se ver pelos olhos dos outros (hoje, sou dessas… rs, rs…).
Se não nos aceitamos porque os outros não nos veem com bons olhos, podemos trabalhar isso com mais facilidade… Outra história, porém, é quando também nos vitimamos (perseguimos) pelos padrões. Ou seja, quando não vemos possibilidade de estarmos bem, se estivermos fora desse cenário delimitado por imposição. Neste último caso, estaremos nos vendo pelos nossos próprios olhos e aí falamos de uma exigência que também é nossa.
Entende a diferença?
Aceitação
Pois bem… quando não somos nós mesmos os preconceituosos conosco, penso que podemos chegar à autoaceitação e à autoestima de forma mais fácil. Isso se deu comigo e, no meu caso, de forma bem tranquila, sem a necessidade de uma postura rebelde. Aliás, nada contra a rebeldia também.
Então, voltando à consultoria de imagem, a verdade é que todos nós temos pontos fortes e pontos fracos em nossa aparência. Meu trabalho independe do peso da cliente.
Na verdade, uso técnicas (ferramentas, não regras) para, detectados seu temperamento, atitude, perfis de trânsito, gostos, postura, linguagem verbal, valores, anseios e necessidades, trabalhar imageticamente os pontos visuais que a incomodam, mediante o reconhecimento e o fortalecimento de seus pontos fortes, com os elementos a ela mais adequados (roupas, acessórios e demais elementos de linguagem não-verbal), considerados todos os elementos que lhe são intrínsecos.
Moda como comunicação
“Moda” é, antes de tudo, elemento de comunicação. Todos temos muitos pontos fortes e conhecê-los, bem como aliá-los ao seu temperamento, postura, linguagem e mensagem desejada, pode ser especialmente poderoso, para qualquer um.
Quem se (re)conhece, a consultoria de imagem fala disso, e está livre de preconceitos, assume suas vontades, seus gostos, as rédeas de sua vida; aliás, como deve ser!
Deixa de se vitimar, larga os “SE” e os “QUANDO”. Passa a ser protagonista e flui nos seus diversos papéis; quais sejam, de profissional, de mãe, de filha, de amante (no sentido da sexualidade), de amiga…
Eu também já fui infeliz por ser gorda, me submeti a regimes loucos, que me traziam mais infelicidade ainda pelo efeito sanfona (emagrece, engorda, emagrece, engorda…). Não estamos aqui falando de largar mão da saúde. A saúde tem que ser sempre avaliada no decorrer da vida e as recomendações médicas seguidas.
Falamos de mulheres gordas, que são tão lindas quanto as demais, e que têm todo o direito de exercerem a vida em sua plenitude e que, acredite, quanto mais o fazem, mais plenas ficam. É um exercício, tem que querer praticar!
Libertação de ser o que é
Como consta de uma postagem no Instagram do estilista João Pimenta “Não precisamos criar uma moda ESPECIAL para mulher, homem, gordo ou magro, precisamos repensar a padronização de tamanhos de modelagem, quem escolhe o que vestir não são as marcas, são as pessoas.” Essa perspectiva me alegra muito, pois realmente não é fácil encontrar roupa para pessoas gordas e, como já vimos, não há de fato nada de errado com elas.
Na assertiva acima, para além da moda para todos os tamanhos, se fala da moda agênera. Tomara que estejamos nos libertando de tantas amarras para com mais facilidade “SERMOS QUEM E COMO SOMOS” e encontrarmos o que nos cabe e representa.
E, você, sobre a consultoria de imagem, ainda acha que é sobre roupas?
Por Marta Barbosa Consultora de Imagem (@estiloh.consultoriadeimagem)
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Sobre Marta Barbosa
Marta Barbosa nasceu em Brasília, onde se formou em Administração e se dedicou ao serviço público. Após aposentada, resolveu abraçar o estudo da Consultoria de Imagem, assunto que sempre a atraiu. Nessa nova área, fez o curso de formação na Escola Fashion Campus.
Dando continuidade, na Fundação Álvares Penteado – FAAP/Brasília, fez os cursos livres de “Cultura de Moda”, “Moda, Arte e Filosofia: Relações e Diálogos Para a Criação” e “Consultoria de Imagem Feminina”. Por último, em São Paulo, com a precursora da consultoria de imagem no Brasil, Ilana Berenholc, cursou o “Style Int”.
Para a execução de seu trabalho, tem como premissa o respeito a cliente como um universo único e particular e a perseguição às melhores técnicas de facilitação à obtenção da imagem visual desejada, ou necessária, aos seus objetivos, de forma confiante e com a gradação necessária ao seu conforto. Atualmente é docente da Escola Fashion Campus, onde ministra o Work Shop de Moda Plus Size e é membro da Fipi Brazil.
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