Moda e Consumo: a lógica dos ciclos, o retorno aos clássicos e básicos e o luxo democrático na busca por uma vida simples, menos banal e mais profunda!
10 Corso Como, Milão julho 2009 A moda sempre foi marcada pela lógica dos ciclos, roupas e acessórios que permanecem apenas em uma estação, que…
10 Corso Como, Milão julho 2009
A moda sempre foi marcada pela lógica dos ciclos, roupas e acessórios que permanecem apenas em uma estação, que são efêmeros e descartáveis. Hoje, o que se vê é uma tendência à mudança. Levando em conta a independência dos consumidores em relação ao vestir, existe um tipo de revolta silenciosa, na qual parte dos consumidores está substituindo a lógica dos ciclos por outra dinâmica na moda, a autoral. São consumidores que agora têm o poder de “desenhar” e “redesenhar” seu estilo de vestir.
A minissaia, por exemplo, sempre teve altos e baixos, mas há muitos anos está presente no guarda roupa dos jovens. O jeans também é um clássico. Marcas que atravessam décadas como Prada, Gucci, Louis Vuitton estão no topo das marcas de moda e são também símbolos de memória e tradição. Pela sua persistente duração, parece que a moda, nestes casos, é mais um sistema de permanências do que de rápidas mudanças. Estas marcas têm um código genético tão forte que as mudanças, na verdade, acontecem nos detalhes, nas nuances de cores e tecidos. Os designers que trabalham para estas marcas entenderam uma coisa: de posse dessa forte identidade, não é necessário nenhuma mudança profunda.
Giorgio Armani Outono 2009
A Armani, por exemplo, tem reposicionado o tailleur durante 15 anos, apenas modificando os detalhes: uma nova interpretação de um produto mítico que na sua perfeição continua a fascinar milhões de pessoas.
Do ponto de vista do consumidor, hoje, quem compra na Zara pode perfeitamente comprar uma peça cara na Daslu. Ou quem compra t-shirt na Hering pode gastar muitos reais com um sapato. Estas escolhas não são mais contraditórias, são simplesmente combinações que os consumidores sabem fazer devido à sua maturidade e habilidade em selecionar.
Neste cenário surge uma nova forma de luxo que permeia nossas vidas, fomentada pelas marcas de moda e nutrida pelas habilidades, expertise e criatividade dos designers, estilistas, artistas e arquitetos. Essa perspectiva nos mostra uma inesperada convergência entre o luxo, que se torna cada vez mais democrático e é transformado em qualidade de vida, e o básico que é decorado por novas visões criativas como detalhes nos jeans e t-shirts. A comercialização de marcas de luxo em pontos de venda democráticos faz surgir o básico luxuoso, como por exemplo, a Coleção Reinaldo Lourenço para C&A aqui no Brasil.
Reinaldo Lourenço para C&A
Criar histórias e inventar propondo uma ocasião especial e inusitada são palavras de ordem, estes serão os pilares aos quais os profissionais de moda e marketing deverão estar atentos. Começar do top (experiência do luxo) para o bottom (experiência do essencial) tornou-se o novo estimulante exercício para o mercado de moda.
Outra idéia interessante é que o papel do “amador” ganha relevância. Recorrendo ao significado etimológico da palavra, ela está ligada mais à paixão e ao amor do que ao conhecimento técnico. O Monge Zen Budista Shunryu define o espírito do principiante como a habilidade em olhar o mundo com a mente aberta e olhos “frescos”. Neste terreno é produzido o mágico encontro entre a nova concepção e percepção do luxo com a qualidade e a excelência. Neste caso, o “fresco” interesse nas coisas essenciais, nas experiências básicas é uma tendência que o Future Concept Lab, (Instituto de pesquisa de Comportamento de Consumo com sede em Milão), chama de Simplificação Maravilhosa (Wonder Simplification). O dia-a-dia se torna o workshop do encontro entre o novo acesso ao luxo e a superação do básico.
Philippe Starck, Top Top para Kartell
O designer francês Philippe Starck foi um dos pioneiros a lançar produtos dentro desta perspectiva dedicada ao simples essencial. Sempre foi tido como um “anti-moda”, recentemente se aventurou no mundo fashion e lançou uma coleção em parceria com a marca de Cashmere Escocesa Ballantyne em junho de 2009. A proposta utiliza tecido de cashmere inteligente à prova d’água, misturando fios de seda, o design é ergonômico, a qualidade espetacular, o look é simples, porém chic e cheio de personalidade.
Philippe Starck para Ballantyne
É por esta estrada que o básico caminha, hoje assistimos sua convergência com o luxo. É a evolução do básico e do seu sentido utilitário e urbano, que no final dos anos 90 invadiram as ruas com calças cargos, mochilas e looks utilitários. A pegada urban survivors ficou para trás, hoje há a procura de elementos essenciais, linhas simples que dão aos objetos e roupas poderes “mágicos”. A intenção é fazer com que a vida seja simples sem perder seu significado, ou seja, não ser banal e sim, ser profunda, ter a forma como elemento de inspiração estética e a personalidade, como meta.
Fontes:
4. MORACE, Francesco. Real Fashion Trends: Il manuale del cool hunter. Milano: Libri Scheiwiller, 2007.
5. MORACE, Francesco. Consumo autoral: as gerações como empresas criativas/Francesco Morace: trad. Kathia Castilho. São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora,2009.
Por Alessandra Gimenez.
Enquete: quem você quer que fique na Fazenda 16?
Agora é tudo ou nada, pois A Fazenda 16 está oficialmente chegando ao fim. Quatro peões foram parar na berlinda desta semana, sendo que dois deles vão ser eliminados pelos votos do público. No caso, os menos queridos pelos telespectadores. Compartilhe na enquete do Fashion Bubble sua opinião sobre quem deve ficar nesta 12ª Roça: