Mocotó Restaurante e Cachaçaria
Uma das culinárias que mais gosto é a nordestina. Deve estar no DNA porque, apesar de ser filha de baiano com pernambucana, não era o tipo de comida que tinha em casa. Meus pais vieram pra São Paulo muito pequenos e acabaram não sendo criados em meio à cultura do Nordeste. Tirando o “beiju”, que meu pai fazia em casa muito raramente, a moqueca de peixe do Dinho’s (restaurante famoso
Uma das culinárias que mais gosto é a nordestina. Deve estar no DNA porque, apesar de ser filha de baiano com pernambucana, não era o tipo de comida que tinha em casa. Meus pais vieram pra São Paulo muito pequenos e acabaram não sendo criados em meio à cultura do Nordeste. Tirando o “beiju”, que meu pai fazia em casa muito raramente, a moqueca de peixe do Dinho’s (restaurante famoso pelas carnes, veja só) e o requeijão baiano que algum parente trazia “da terrinha”, não me lembro de ter comido tantos pratos típicos durante a infância. Até a música nordestina eu fui conhecer mais depois de adulta. Com exceção das vezes que meu pai me puxava pra dançar forró – o que era mais pra fazer graça do que pra dançar mesmo.
Quando o Ciro me falou do Mocotó, fiquei louca pra conhecer. Mas nunca dava porque ir ao Mocotó requer um certo planejamento – é longe de casa e vive lotado, com horas de espera. Teve dia de o Ciro chegar antes de abrir e já ter gente na porta, esperando. Mas precisou justamente a gente não planejar pra conseguir ir. Estávamos na rua, comprando temperos e coisas pra cozinha, olhamos no relógio, vimos que era um horário ainda razoável e… Deu certo!
Pouco mais de uma hora de espera passou rápido. Tomando caipirinha de cachaça e saboreando petiscos que já estou louca pra comer de novo. O torresmo mais crocante e sequinho da galáxia (que pode vir cortado em pedaços pequenos ou maiores, mais carnudos); os divinos Dadinhos de Tapioca (cubinhos de tapioca com queijo-de-coalho dourados e servidos com molho de pimenta agridoce); e uma bruschetta de carne de sol incrível, novidade da casa (“uma festa de sabores na boca”, como disse o Ciro). Se deixasse, eu teria me fartado só disso. Mas queria experimentar a tal “Costelinha de Porco à moda do Engenho” que o Ciro tanto falava e que só é servida aos sábados – vem recheada com pernil e servida com abacaxi dourado na manteiga, mandioca cozida e molho de mel de engenho. Só de lembrar, a boca já saliva.
A carta de cachaças do Mocotó tem mais de 200 rótulos. Nunca fui muito fã de cachaça, mas Ciro insistiu pra eu provar pelo menos uma caipirinha. Resultado: acho que nunca mais vou tomar vodka na vida. Pedimos uma de limão cravo e pimenta dedo-de-moça. Depois, experimentamos a “Três Limões” – limão cravo, tahiti, siciliano, açúcar de baunilha e especiarias. E pra finalizar o almoço, a Francesinha, invenção do chef Rodrigo: cachaça curtida em muita, muuuuuita fava de baunilha e servida gelada. Praticamente o paraíso. Amo/sou tudo que tem baunilha!
Não vou contar a história do Mocotó aqui. Vale a pena você ir e descobrir in loco. Naquele ambiente de mercearia do bairro, ao som do Rei do Baião (como não amar?), sendo atendido pelos garçons mais sorridentes que você já viu, saboreando a tradição da culinária nordestina sob um novo olhar. Só vou te dizer que o pernambucano “Seu Zé Almeida”, pai do Rodrigo, continua lá. Preservando as raízes com a simplicidade e elegância natas dos sertanejos nordestinos. Ajudando o filho chef a escrever a nova história do Mocotó e a garantir dois de seus grandes diferenciais que, de tão essenciais, não deveriam faltar em nenhuma refeição: boa comida e hospitalidade. É imperdível.
Vai lá
Mocotó – Restaurante e Cachaçaria
Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1100
Vila Medeiros – SP
Tel: (11) 2951-3056
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