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História das Aparências e os Museus de Moda

Na história das aparências os museus de moda ocupam grande importância, pois, o que ali está depositado e exposto serve para demonstrar o parâmetro de…

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Na história das aparências os museus de moda ocupam grande importância, pois, o que ali está depositado e exposto serve para demonstrar o parâmetro de elegância como termômetro da relação do indivíduo com sua cultura num determinado tempo e lugar. Qualquer acervo de museu de moda guarda a memória de cada tempo como demonstração da arte de viver de um período ou de um povo, quando não, as duas coisas ao mesmo tempo e da exibição de poder como marca de distinção social.

Segundo Daniel Roche (2007:19) em seu tradicional texto sobre a cultura das aparências, os trajes de moda expostos nos museus de moda servem para exibição de poder como marca de distinção social, mostrando valores ilusórios nos quais a extravagância, a loucura e o valor mercantil zombam das maneiras ordinárias e dos hábitos plebeus e vulgares.

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Porém, o que de fato acrescenta seu parecer sobre os estudos da moda é sua visão marcante deste fenômeno, como grande estimulador do comércio mercantil, que carregar consigo, o valor cultural da mudança, no processo civilizador da cultura ocidental.

Na cultura ocidental, tudo que é novo, tudo que muda é moda, toda nova aparência é moda, é moderna e por esse motivo, o estudo das aparências deve estar dentro do universo da história social e cultural, das suas praticas e formação de estatutos morais e éticos.

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Fernand Braudel coloca o estudo das roupas e dos modos de vestir como  parte da história dos comportamentos sociais e da história da cultura material, lembrando que no séc. XVIII, a Enciclopédia definia a palavra roupa como ”tudo que serve para cobrir o corpo, para adorná-lo ou para protegê-lo das injurias do ar”. Como modo de vestir, preferia-se a expressão costume.

A historiografia da vida social urbana percebeu, de imediato, a importância das roupas, não como patrimônio, que era o caso do traje na Idade Média, mas o seu uso como representação de modos de vida e das relações humanas.

O estudo da história social e cultural das aparências coloca os problemas que envolvem a produção, o uso e a inserção de valores demandados a partir das matérias-primas, suas estruturas de transformação, custos e benefícios, dos processos de construção dos objetos que constroem tais aparências e suas variações no tempo e espaço, capazes de revelar e esconder a posição social dos indivíduos no seio do grupo e sua mobilidade dentro dele, isso sendo possível mesmo nas sociedades campesinas, onde o vestir muda muito lentamente, porém a roupa nova, mesmo não sendo de modelo novo, representa alguma mobilidade no meio social, visto que representa uma disponibilidade financeira.

Assim, a história das aparências transformou a percepção teórica sobre o vestir como linguagem cultural do ocidente, visto que, o que se colocou como fonte de estudo a partir dela, foi o que se deve ser produzido, o que se deve ser consumido e o que se deve ser distribuído.

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A partir daí, entra em questão os modos de uso, os modos de produção e os modos de comercialização, dentro de condições temporais e geográficas que deixem demarcados, sobretudo, as esferas sociais, seus jogos de poder e caminhos de movimentação social.

Todos os estudos de moda apontam o período moderno como o motor deste fenômeno. Roche (2007) nos fala do impacto dos movimentos de Reforma Protestante e Contra-Reforma Católica sobre o debate moral que este período viveu sobre riqueza e pobreza e que a roupa foi o centro desse debate porque carregava o valor de luxo e ostentação, próprios da nova estrutura social absolutista., o excessivo e o necessário, o supérfluo e o suficiente, o luxo e a mediocridade.

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Para a moral cristã, tanto católica, quanto protestante, a roupa serviu para avaliar a adaptação dos costumes às exigências éticas sob novos códigos que acabaram por gerar uma nova economia com um sistema inteiro de produção e comercialização mercantilista.

A roupa falava de uma economia onde se devia consumir de acordo com sua posição social e uma conduta de decência civil, mostrando em que momento a sociedade se mostra abundante ou recessiva em sua economia.

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Tradução do clássico estudo sobre a cultura das aparências publicado pela Editora Senac, de Daniel Roche, A Cultura das Aparências, uma história da indumentária(sec. XVII e XVIII).

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Por Queila Ferraz

(Queila Ferraz Monteiro é estudiosa de História da Moda, é consultora de design e gestão industrial para confecção e Professora de História da Indumentária e Tecnologia da Confecção dos cursos de moda da Faculdade Belas Artes, Senac Moda e Universidade Anhembi Morumbi.)

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