Moda Anos 90 e a Identidade Brasileira na Moda
Na última década do século XX o setor da moda no Brasil já estava mais do que consolidado. Conheça melhor a moda dos anos 90 no país!
Finalizando o século XX, os Anos 90 vieram com um estilo ainda mais casual e descontraído. Além disso, com uma maior abertura aos produtos importados, o mercado fashion se tornou ainda mais competitivo. Entre influências internacionais e aquilo que se produzia no país, a moda dos anos 90 mostrou como o mercado no Brasil se tornou competitivo e variado.
Qual era a Moda dos Anos 90?
Quando o século XX chegava ao fim, a moda atingiu ao seu ponto mais casual. Durante esse época, homens e mulheres adotaram a moda grunge, com roupas e jeans maisfolgados e desalinhados. Com o passar dos anos, a moda feminina se tornou mais prática e minimalista. Desde então, a informalidade e o estilo mais “clean” chegaram para ficar.
Um dos grandes fenômenos do período foi o surgimento das supermodelos de fama mundial. No princípio da década, por exemplo, despontavam nomes como os de Cindy Crawford e Naomi Campbell. Além disso, uma das principais referência da época era Kate Moss, que popularizou o ideal da beleza magérrima.
Nesse meio tempo, também houve um renascimento dos estilos dos anos 60 e 70. Assim, com inspiração nas mini-saias e no estilo Punk, então começou um interesse pelas roupas vintage, o que levou à expansão dos brechós. Nessa época, também se tornou mais comum o uso de tatuagens e piercings.
Entre os itens mais populares desses anos estavam os vestidos tipo slip (como camisola), as botas Doc Martens, além de gargantilhas e tops de alças finas.
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Os Anos 90 no Brasil
O período se iniciou com a abertura do mercado brasileiro aos produtos importados e com a forte crise econômica gerada pelo Plano Collor. Dessa maneira, a população brasileira sofria uma vez mais com uma crise financeira e a produção nacional lidava com a forte concorrência com marcas estrangeiras.
Segundo Érica Palomino, essa crise desencadeou “(…) a mais longa agonia do setor até então: entre1992 e 1997, pelo menos 773 empresas da área têxtil fecharam, e mais de 1 milhão de pessoas perderam o emprego” (Palomino, 2002, p.81).
Entretanto, a situação se mostrou vantajosa dentro do setor de artigos de luxo. Afinal, lojas como a pioneira Daslu aproveitaram para trazer ainda mais grifes internacionais para São Paulo, como Versace, Gucci e Prada.
Como resultado, nos anos 90 elas conseguiram criar verdadeiros impérios de produtos de alta-gama, que então atendiam à elite nacional.
Produção em massa nos anos 90
De acordo com Joffily, a popularização das grandes marcas apresentou uma curiosa mutação. Desde então, grandes estilistas passaram a criar coleções exclusivas para cadeias de lojas de departamentos.
Ou seja, já não se tratava de produções anônimas, mas sim do comércio de etiquetas tornadas mais acessíveis à uma maior parcela da classe média brasileira. Acima de tudo, foi a escala de produção dessas lojas que permitiu essa mudança.
Em outras palavras, o sistema de licensing foi incorporado à nova maneira do vestir (estilo) e à nova realidade do mercado consumidor. Esse fenômeno já pôde ser sentido desde a década anterior, como demonstrado pela experiência do estilista americano Halston, mas se difundiu de vez nos anos 90.
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Recuperação econômica e extravagância
Em 1994, o país voltou a crescer com a estabilização da economia. Desse modo, o cenário mais favorável se refletiu sobre a moda através de megadesfiles. Acima de tudo, esses eram grandes eventos que serviam para mobilizar a mídia e gente famosa.
Desse modo, esse novo movimento do mercado da moda também se voltou à identidade brasileira.
Por exemplo, em 94 a marca Fórum decidiu se voltar às referencias da cultura popular do país. Antes de mais nada, essa foi a primeira vez que uma grande marca de difusão assumia valores brasileiros.
Como resultado, a sua coleção trouxe à tona um dabete sobre se nos anos 90 já havia uma identidade brasileira na moda do país.
Nomes da moda dos anos 90 no Brasil
Nesse período, o estilista Lino Villaventura se destacou como o mais brasileiro entre os criadores, seguido de perto por Walter Rodrigues. Logo depois, em 1995, o estilista Ocimar Versolato explodiu no prêt-à-porter em Paris.
Além disso, várias modelos brasileiras passaram a chamar a atenção no circuito internacional. Dentre elas, Gisele Bündchen foi a mais famosa, tendo se tornado nos anos 2000 a supermodelo de maior sucesso no mundo.
Assim, a partir dos anos 90 a beleza da mulher brasileira ganhou de vez destaque no mundo.
Por fim, apoiados na indústria têxtil que então se modernizava, os estilistas perceberam um potencial de exportação. Entre eles estava o pioneiro e jovem estilista Alexandre Herchcovitch.
A partir dos anos 90, Herchcovitch se tornou o grande nome da moda brasileira, tendo se consagrado no país como uma das principais referências nacionais. Além disso, o seu sucesso incluiu o lançamento de coleções fora do país, como em Londres e em Paris.
O Brasil e a moda internacional
Com uma maior circulação a partir da globalização, além de estilistas brasileiros que se lançaram no exterior também houve nomes da moda internacional que vieram ao Brasil. Dentre elas, por exemplo, Marie Rucki, do Studio Bertot-Rucki de Paris.
Com o objetivo de promover uma maior profissionalização do setor da moda nacional, Rucki veio a São Paulo atendendo a um convite da casa Rhodia e da CIT (Coordenação Industrial Têxtil).
Acima de tudo, o interesse era que ela pudesse compartilhar a sua experiência com os profissionais e estudantes brasileiros.
Dente os seus alunos estavam, por exemplo, Glória Coelho, Reinaldo Lourenço e Jefferson Kulig, que se consolidaram como grandes nomes da moda do Brasil. Entre o grupo, outro brasileiro que fez sucesso no exterior foi Inácio Ribeiro, que se lançou em Londres com o nome Clements Ribeiro.
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O mercado nacional
Acima de tudo, a imprensa nacional foi um dos principais elementos a favorecer a moda brasileira. Esse nicho então tinha especial atenção com o público jovem, com a publicação de revistas como a “Capricho”.
Além disso, o evento Mercado Mundo Mix para novos talentos, realizado na primeira metade do anos 90, ajudou a criar a identidade da moda jovem e alternativa.
Por fim, no ano de 1996 a Academia Brasileira de Moda se estabeleceu por iniciativa da carioca Universidade Veiga de Almeida e do Instituto Zuzu Angel.
Em resumo, o profissionalismo e a fama da moda nacional atingiram um alto patamar nos anos 90.
Nesse meio tempo o Phytoervas Fashion desencadeou a apresentação de coleções por meio de desfiles regulares. Afinal, até então esses eventos só aconteciam entre um público muito restrito nos showroons de cada marca.
O Brasil na rota internacional de moda
Com o sucesso, esse desfile se transformou no evento Morumbi Fashion Brasil. Posteriormente, sob tutela de Paulo Borges, se tornou no megaevento que é o São Paulo Fashion Week, presente no calendário internacional da moda.
Desde então, o SPFW acontece duas vezes ao ano para fazer o lançamento das coleções dos grandes nomes e grifes da moda brasileira em atividade.
Dessa maneira, São Paulo passou a fazer parte do ranking dos lançadores internacionais de moda, junto com Paris, Londres, Milão e Nova York. Hoje em dia, entre outros desfiles importantes temos também, por exemplo, a Semana de Moda – Casa de Criadores (SP) e o Fashion Rio (RJ).
Ou seja, na passagem para os anos 2000 havia uma euforia total. Afinal, tanto o Brasil quanto o mundo não deixam de acompanhar a moda brasileira! E você, conhece bem aquilo que tem sido produzido no páis?
- Em seguida, aproveite e conheça o trabalho incrível dos estilistras brasileiros Ronaldo Silvestre e Ivanildo Nunes.
Por Denise Pitta.
Editado e atualizado por Mariana Boscariol.
*Este é um trecho do relatório final da pesquisa Moda e Identidade Brasileira, feito por Denise Pitta de Almeida em 2003 à Faculdade de Moda da UNIP.
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